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sexta-feira, 25 de maio de 2012


Chocolate
Do cacau até você


O sabor exclusivo do chocolate delicia pessoas do mundo todo. Qual é a origem do chocolate? Como é produzido? Vamos conhecer melhor sua história.


BOTÂNICOS acreditam que o cacaueiro silvestre seja originário das bacias do Amazonas e do Orinoco, na América do Sul, onde crescia há milhares de anos. Supõe-se que os maias tenham sido os primeiros a cultivar o cacau, levando-o consigo ao emigrarem para Yucatán. A realeza asteca se deliciava com a bebida de chocolate amargo — uma poção feita de sementes de cacau trituradas com milho fermentado, ou vinho, e servido em taças de ouro descartáveis. Consta que o imperador asteca Montezuma tomava mais de 50 taças de chocolate por dia!
O conquistador espanhol Hernán Cortés (1485-1547) estava mais interessado nas taças de ouro do que no líquido que continham, mas não deixou de observar que os astecas usavam as sementes do cacau como moeda. Mais do que depressa introduziu a cultura do cacau, o “ouro marrom”, que foi muito rendosa. Assim, a Espanha basicamente controlou o mercado cacaueiro até o século 18.
Com o passar do tempo, os espanhóis levaram o cacau para o Haiti, para Trinidad e para a ilha de Bioko, na África Ocidental. De Bioko, um fruto do cacau foi levado para o continente africano. Hoje há quatro países que são grandes produtores de cacau na África Ocidental.



Chocolate na Europa

No século 16, Cortés apresentou a bebida de chocolate asteca à corte espanhola. As damas da realeza bebiam secretamente, a goles pequenos, a bebida aromatizada com especiarias e às vezes apimentada. Com o tempo ela foi introduzida na aristocracia européia.
Os europeus ficaram encantados com o chocolate — tanto pelo sabor como pelas supostas propriedades curativas. Foi tão bem aceito que em 1763, os cervejeiros da Grã-Bretanha, sentindo-se ameaçados, pediram que se criassem leis para controlar sua fabricação. A concorrência entre os chocolateiros era tão acirrada que alguns acrescentavam amido para fazer o produto final render mais. Os ingleses, para dar mais cor ao chocolate, chegavam a adicionar até um pouco de tijolo em pó! E assim crescia a demanda por um chocolate de melhor qualidade e mais saboroso.
A partir da Revolução Industrial, a fabricação do chocolate começou a ser mecanizada. Com o aparecimento das moendas de cacau movidas a vapor, o cacau deixou de ser moído a mão. Em 1828, o chocolate passou por uma mudança ainda maior quando o químico holandês Coenraad van Houten descobriu como extrair o cacau em pó e a manteiga de cacau da massa de sementes de cacau moído. Isso levou inovadores a criarem a receita com medidas exatas de licor de cacau (pasta escura e espessa), manteiga de cacau e açúcar para produzir o chocolate em barra.
A partir de 1850, os suíços desenvolveram um processo que refinaria ainda mais o chocolate — o processo de revolvimento em que a massa de sementes de cacau passa por muitas horas entre rolos cilíndricos de porcelana, produzindo um chocolate sedoso que simplesmente derrete na boca. Segundo os connoisseurs(especialistas), chocolates de primeira qualidade são revolvidos por nada menos do que 72 horas!
Muitos empresários inteligentes como Hershey, Kohler, Lindt, Nestlé, Peter, Suchard e Tobler — nomes que hoje você vê impressos em caixas de bombons de chocolate — contribuíram muito para a indústria chocolateira, tanto com maquinário mais eficaz quanto com receitas de chocolate mais aprimoradas.

A origem do chocolate

A lavoura cacaueira consiste no plantio de cacaueiros tropicais em condições adequadas. A melhor condição varia entre 20 graus para o norte ou para o sul do equador. Vicejam na sombra e no clima úmido, dando flores e frutos o ano todo. O fruto ameloado nasce diretamente no tronco e nos ramos inferiores.
Como é feita a colheita nas plantações de cacau? Os frutos são colhidos maduros usando-se machetes ou varas de bambu com lâmina afiada na ponta. Os frutos são abertos e no interior há entre 20 e 50 sementes envoltas numa polpa branca meio-amarga. Os trabalhadores extraem as sementes manualmente, em geral desde a madrugada até o escurecer. Depois as sementes são cobertas. Passados alguns dias, a polpa fermenta e reações químicas fazem as sementes virar marrom-chocolate. O próximo passo é a secagem das sementes, quer expostas ao sol quente, quer com secadores mecânicos para se conservarem melhor na exportação ou no armazenamento.
Basicamente há duas espécies de semente de cacau: o forasteiro e o crioulo. O forasteiro é o cacau comum na lavoura cacaueira mundial. Os principais produtores são a África Ocidental, o Brasil e o Sudeste Asiático. O crioulo é o cacau aromatizante que dá um sabor de nozes ou floral ao chocolate. Ele é cultivado em escala bem menor e os produtores são a América Central, o Equador e a Venezuela.
Depois da secagem, as sementes de cacau são ensacadas e despachadas para fabricantes de chocolate no mundo todo, principalmente na Europa e na América do Norte. Dois punhados de sementes secas de cacau são suficientes para se produzir quase meio quilo de chocolate. É difícil imaginar como essas sementes amargas podem ser transformadas em bombons e confeitos de chocolate tão delicados, dispostos numa caixa; mas o processo não mudou muito em todos esses séculos.



Fabricação do chocolate

Quando as sementes chegam à fábrica, são limpas e classificadas. Depois, assim como os grãos de café, são torradas para realçar o sabor e desprender todo o aroma característico do chocolate. A seguir as sementes são descascadas e as amêndoas marrom-escuras no interior são usadas como a base do cacau em pó e do chocolate.
A trituração das amêndoas resulta numa pasta espessa marrom-escura, chamada licor de cacau. Uma vez endurecido, ele é vendido como barras de chocolate para cobertura. Para extrair a manteiga de cacau, o licor de cacau é submetido a alta pressão, processo inventado por van Houten, disso restando uma massa que é transformada em cacau em pó. Ao se acrescentar mais manteiga de cacau ao licor, a mistura deliciosa está quase no ponto de se tornar o chocolate que comemos na forma de barra ou de confeitos. Depois de passar por processos de revolvimento e outros de refinamento, finalmente temos o tipo de chocolate apreciado pelos consumidores hoje.




Na próxima vez que você estiver se deliciando com o sabor marcante do chocolate, pense um pouco sobre a longa trajetória do cacau, desde a semente amarga, que cresce nos trópicos, até esse tablete ou bombom apetitoso que está na sua frente.


Fonte: revista Despertai







quinta-feira, 24 de maio de 2012



Venha conhecer umafeira africana
UMA das melhores maneiras de explorar a cultura, os costumes e a culinária de um país é visitar uma feira. Ali você pode observar as pessoas locais, saborear sua comida e comprar seus produtos. Também pode conhecer comerciantes interessantes que fazem de tudo para se comunicar com você, não importa seu idioma. Seria difícil encontrar feiras mais fascinantes do que as da África. Elas são repletas de pessoas e produtos de todo tipo imaginável. Ali você pode sentir a energia e a agitação da África. Vamos visitar uma típica feira em Duala, Camarões.
O jeito africano de ir à feira
Em muitas cidades grandes na África, o modo mais barato e rápido de ir à feira é de motocicleta. Em quase toda esquina, motociclistas oferecem seus serviços. Se tiver coragem, você pode pegar um desses táxis de duas rodas. Em Camarões, o preço e a velocidade fazem desse meio de transporte popular uma opção imbatível. Para os menos aventureiros, também há muitos táxis mais convencionais. É comum ver vários passageiros num mesmo veículo para dividir o valor da viagem.
Centenas de barracas
Quando alguém visita uma feira pela primeira vez, fica impressionado com a vasta quantidade de pessoas e barracas nas ruas. Muitas pessoas, incluindo crianças, carregam mercadorias na cabeça. Uma olhada mais de perto revela que em suas cestas há, dentre outras coisas, galinhas vivas, laranjas descascadas e remédios sortidos.
As centenas de barracas estão repletas de hortaliças como repolho, cenoura, pepino, berinjela, abóbora, vagem, batata-doce, tomate, inhame e vários tipos de alface. Turistas de outros continentes talvez não conheçam todos os produtos, visto que alguns dos itens mais consumidos localmente não são comuns fora da África. Talvez as barracas mais coloridas sejam as que vendem pimentões vermelhos e amarelos, tão frescos que reluzem ao sol da manhã. Muitas barracas vendem abacate, banana, toranja, melão, abacaxi, laranja e limão. Eles parecem muito apetitosos, e o preço é tentador! Inhame, mandioca e arroz — os principais produtos locais — também são bem representados, bem como cebola e alho importados.
Pimentas coloridas
Em uma das feiras de Duala, muitos donos de barracas pertencem aos povos hauçá e fula. Esses comerciantes se destacam por seus típicos trajes longos de cor azul, branca e amarela, chamados gandouras ou boubous, e por causa de seu cumprimento amigável no idioma fulfulde. Um ambiente descontraído é característico das feiras. Nessa visita que fiz, um feirante chamado Ibrahim escolheu três cebolas grandes e as deu de presente para mim. “Diga à sua esposa para recheá-las com arroz temperado e cozinhá-las lentamente”, recomendou ele. Um pouco mais adiante, vende-se carne de animais recém-abatidos, principalmente de vaca e de cabrito. Homens fortes carregam enormes carcaças nos ombros e as colocam em mesas. Os açougueiros, manuseando facões com destreza, convidam fregueses para escolher o tipo de corte desejado. Os que preferem abater eles mesmos o animal podem comprar cabritos, galinhas e porcos vivos.
Venha comer na feira
Não dá para imaginar uma feira sem um lugar para comer. Em Camarões, há barracas que vendem comida como se fossem restaurantes. Algumas delas usam música alta para atrair fregueses, mas também há lugares quietos onde se pode pedir um prato típico da África e conhecer as pessoas locais. O cardápio costuma ficar escrito num quadro-negro, e quem não está familiarizado com os pratos locais talvez precise que alguém os explique.
Dois itens básicos são arroz e fufu (um purê feito de mandioca, banana-da-terra ou inhame). Nessas barracas você também encontra grelhados de frango, peixe e carne de vaca servidos com molhos feitos de quiabo, creme de amendoim ou tomate. O ambiente é tranquilo e há ampla oportunidade para conversas. Duas garçonetes vieram nos atender. Uma delas trouxe uma bandeja grande com pratos de metal cheios de arroz, feijão e fufu bem quentes. Esses alimentos básicos são servidos com um molho de quiabo e guarnecidos comkebabs de carne e peixe. Há também um pote pequeno com molho de pimenta vermelha picante para aqueles que gostam de comida apimentada. A segunda garçonete trouxe uma toalha e uma bacia com água para lavarmos as mãos. Isso é necessário, pois os pratos típicos são tradicionalmente comidos sem talheres. Não é incomum um freguês fazer uma oração antes de comer e daí ouvir as pessoas na mesa ao lado dizer “Amém”.


terça-feira, 22 de maio de 2012


Atenas: passado glorioso e futuro incerto

O AVIÃO se prepara para aterrissar no Aeroporto Internacional de Atenas. Depois de dois anos fora, volto para o lugar que considerei a minha terra por duas décadas. Aprendi dos livros de História que a cidade logo abaixo é amplamente reconhecida como o berço da democracia.
Já em terra observo que, História, arte e monumentos à parte, a famosa capital da Grécia é uma cidade populosa, dinâmica e otimista. Noto também que os habitantes amigáveis e sorridentes trabalham arduamente para melhorar a infra-estrutura de sua cidade — especialmente devido aos preparativos para sediar as Olimpíadas de 2004.

Passado glorioso
Atenas foi fundada no século 20 antes de Cristo e recebeu esse nome em homenagem à deusa grega Atena. Aqui, ainda hoje se pode caminhar pelas mesmas ruas em que Sócrates andou, visitar a escola onde Aristóteles lecionou, ou então assistir a uma tragédia ou comédia de cunho filosófico no mesmíssimo palco em que Sófocles e Aristófanes dirigiam suas peças.
Atenas foi uma das primeiras cidades-estados gregas e teve seus dias de glória na chamada idade do ouro, no quinto século AEC. Na época, a democrática Atenas desempenhou um papel importante nas vitórias gregas sobre a Pérsia e tornou-se o centro literário e artístico da Grécia. Vários de seus monumentos arquitetônicos também foram erigidos por volta desse tempo — o magnífico Partenon sendo o mais conhecido.
Embora os atenienses conseguissem escapar do jugo persa, mais tarde caíram diante dos ataques de um antigo inimigo próximo de casa — Esparta. Nos séculos que se seguiram, Atenas foi uma cidade subjugada, dominada sucessivamente por Macedônia, por Roma, pelos imperadores bizantinos em Constantinopla, pelos duques francos nas Cruzadas e pelos turcos. Quando os gregos ganharam a independência em 1829, Atenas tinha decaído a uma pequena cidade de província, com apenas uns poucos milhares de habitantes.

Realidades modernas
A partir de 1834, quando Atenas tornou-se a capital da Grécia, a cidade teve um crescimento rápido. Hoje, ela abrange uns 450 quilômetros quadrados, espalhando-se sobre a planície da Ática. Alguns bairros ficam bem distantes, junto às encostas dos montes Parnes, Pendelikón e Hymettus. A metrópole abriga mais de 4 milhões e meio de habitantes — quase 45% da população da Grécia. Ela foi construída a bem dizer sem planejamento nem regulamentação. Segundo certa estimativa, mais de um terço das casas foram construídas ilegalmente, e hoje apenas uma pequena parte de Atenas não está coberta de concreto.
Atualmente a arquitetura da região circunvizinha é caracterizada principalmente por edifícios de concreto armado semelhantes a caixas. A cidade parece espraiada ao sol, com uma coluna antiga cá e acolá, coberta de precipitação cinza das indústrias e do escapamento dos veículos.
Como muitas outras metrópoles modernas, Atenas sofre com o smog, (Smog designa, em termos genéricos, nevoeiro contaminado por fumaças. O termo resulta da junção das palavras da língua inglesa"smoke" (fumaça) e "fog" (nevoeiro)) chamado de nefos pelos atenienses. Ele se forma a alguns metros acima da profusão de antenas de televisão. O smog está corroendo os monumentos antigos tão rapidamente que os arqueólogos já pensaram em construir uma bolha de vidro em torno da Acrópole. São comuns os alertas de poluição. Quando as condições meteorológicas encerram o smog nas montanhas ao redor de Atenas, o nefos pode ser mortífero para os seres humanos. Nos dias em que isso acontece, os carros particulares são proibidos de circular no centro da cidade, as fábricas diminuem o consumo de combustível, os idosos são aconselhados a não sair de casa e solicita-se aos atenienses que não saiam de carro.
Nos fins de semana ocorre um êxodo geral. “Pegue o seu carro e saia da cidade”, diz Vassilis, um antigo morador, enquanto saboreia o seu baklava (doce de nozes trituradas e mel) com café amargo numa lanchonete. “Em algumas horas estará nas montanhas ou na praia.” O que ele quer dizer é que você pode pegar o carro e passar algumas horinhas no trânsito supercongestionado para chegar mais perto da natureza.
Operação de limpeza e organização
Mas Atenas anuncia levar a sério a operação de limpeza e tem um registro convincente para provar isso. Por exemplo, um grande setor do centro comercial é fechado ao trânsito. Antes disso, essas ruas do comércio figuravam entre as mais congestionadas. A velocidade média dos carros era de cinco quilômetros por hora, a mesma de um transeunte sem pressa. Hoje, árvores plantadas nas jardineiras substituíram o trânsito congestionado, e ouve-se o canto dos pássaros em vez do barulho dos motores e o ronco das motocicletas. A cidade até desafiou o estilo de vida tradicional do Mediterrâneo, pedindo aos trabalhadores que deixassem de ir para casa para fazer a sesta — hábito que acrescentava duas horas ao horário do rush.

O fato de Atenas sediar as Olimpíadas de 2004 gerou uma febre de atividades e desenvolvimento sem precedentes. Em toda parte máquinas iniciam escavações para melhorar a infra-estrutura e construir estradas e locais para os jogos. Uma nova extensão de metrô, de 18 quilômetros, está quase pronta. Se tudo correr conforme programado, em março de 2001 o primeiro avião aterrissará no novo aeroporto internacional de Atenas, que já foi chamado de o mais moderno da Europa.
Ademais, até 2001, 72 quilômetros de novas rodovias estarão prontas. Elas desviarão o trânsito do centro de Atenas, incentivando o uso de transportes públicos. Espera-se que isso reduza o número de carros circulando pelo centro em mais de 250.000 por dia, diminuindo a poluição atmosférica em 35%. O novo programa de tratamento biológico da água servida na grande Atenas promete melhorar o ambiente marítimo em torno da capital. A meta ambiciosa é, dentro de alguns anos, transformar Atenas numa nova cidade, com um sistema de transporte aprimorado, com mais verde e um ambiente mais limpo.

Um cantinho da Atenas antiga
Para muitos, apesar dos novos edifícios de escritórios, alamedas e fontes reformadas, lojas chiques e ruas movimentadas, Atenas sempre será uma aldeia — mais espontânea do que disciplinada, mais fragmentada do que organizada. O lado provinciano de Atenas transparece nas partes da cidade onde as casas ainda têm cobertura de telhas e sacadas com grades de ferro e potes de gerânios.
Para ver esse lado de Atenas, visito Plaka, o lugar mais antigo da cidade, aninhado nas encostas do norte da Acrópole. Ali encontro vielas sinuosas, casas envergadas, botecos, cães e gatos sem dono, tabernas e carrinhos de vendedores ambulantes. O local conserva o clima barulhento e festivo do passado, atraindo turistas. Nas calçadas há fileiras de mesas, não raro com uma perna mais curta, rodeadas de banquinhos. Os garçons, com os cardápios abertos, tentam atrair os clientes.
O barulho das motocicletas abafa a melodia do homem que toca realejo na rua. Há bolsas de couro recém-curtido penduradas em frente às lojas de suvenires. Peças de xadrez modeladas segundo a imagem de deuses gregos perfilam-se em formação de batalha, marionetes dançam músicas folclóricas e moinhos de cerâmica giram ao vento. É evidente que esse cantinho da cidade resiste ferrenhamente a quaisquer tentativas de modernização.

Vistas e sons da vida noturna
Uma visita a Atenas nunca seria completa sem uma amostra da riqueza cultural da cidade. Hoje à noite, decido assistir com minha esposa a uma sinfonia no anfiteatro restaurado de Herodes, localizado na encosta sul da Acrópole. O acesso de pedestres ao teatro é uma passagem com iluminação suave, debaixo de silhuetas escuras de pinheiros. A fachada iluminada de pedras de ocra constitui uma vista impressionante por entre as árvores. Visto que adquirimos entradas para os assentos superiores, subimos pela escadaria de mármore e entramos no anfiteatro pelo portal romano.
Pausamos um minuto para apreciar o clima — um céu negro-aveludado, a lua quase cheia por trás de tênues tufos de nuvens, e holofotes que transformam o interior do semicone num cenário deslumbrante. Centenas de pessoas — que parecem pequeninas e bem distantes na vastidão do teatro, com capacidade para 5.000 pessoas — se locomovem nas fileiras concêntricas de mármore branco para encontrar seus lugares. Os assentos de mármore estão ainda aquecidos pelo sol — os mesmos assentos que ecoaram os dramas, as músicas, os risos e os aplausos por milênios.
Também não se pode deixar de mencionar os vários museus da cidade. O que mais se destaca é o Museu Nacional Arqueológico, com seu impressionante acervo da arte grega ao longo dos séculos. Outros museus que vale a pena visitar são o Museu de Arte Cicládica e o Museu Bizantino. Desde 1991 o Salão de Concertos de Mégaron de Atenas — um majestoso prédio de mármore com acústica excepcional — tem oferecido espetáculos de ópera, balé e música clássica o ano todo. E, naturalmente, poderá apreciar a música folclórica grega em muitas tavernas tradicionais.

Você é bem-vindo!
Apesar da aguda crise financeira da Grécia, Atenas continua sendo uma excepcional dica de passeio. A Atenas moderna, com um passado glorioso, se confronta com as pressões de um futuro incerto. Mas os seus habitantes aprenderam a se ajustar às mudanças, com bom humor, criatividade e filotimo — literalmente, amor à auto-estima. Para a maioria dos turistas, Atenas será sempre uma cidade fascinante, com riquíssima cultura.

Fonte: Revista Despertai

segunda-feira, 21 de maio de 2012


Bratislava: a antiga travessia de rio
é uma moderna capital

IMAGINE voltar no tempo, lá para o ano 1741. Há muita expectativa no ar. Ao som de fanfarras festivas, as pessoas se acotovelam tentando se aproximar da rua onde vai passar uma procissão. Vêem-se camponeses em trajes domingueiros e altivos burgueses ataviados com roupas da última moda. Também os nobres se fazem presentes, desejosos de observar e ser observados. Enviados da realeza distribuem moedas de ouro e de prata com a estampa de uma jovem dama, ao passo que o povo grita de empolgação. Por que toda essa comoção? Maria Teresa, arquiduquesa da Áustria, está chegando à cidade para ser coroada a nova rainha da Hungria.
Voltemos ao presente. Se você desejasse visitar o local em que ocorreu essa importante coroação, para onde iria? Não a Viena, onde muitos turistas hoje admiram o palácio real de Maria Teresa, nem a Budapeste, capital da moderna Hungria. Você teria de visitar Bratislava, uma cidade às margens do Danúbio, uns 56 quilômetros a leste de Viena.
A Bratislava de hoje, com cerca de meio milhão de habitantes, é a capital da pitoresca Eslováquia. Trata-se de uma cidade pequena em comparação com as capitais vizinhas, como Budapeste, Viena e Praga. Mas por mais de dois séculos foi a capital da Hungria, usufruindo de toda a glória ligada a tal posição privilegiada. De fato, a coroação de 11 governantes húngaros ocorreu nesta cidade. Mas o que a tornou tão especial?

Uma povoação antiga
Bratislava ocupa uma posição vantajosa às margens do Danúbio, o segundo rio mais extenso da Europa. No passado, o Danúbio diminuía seu fluxo neste ponto e ficava raso, criando uma travessia natural. Muito antes de haver pontes, as pessoas, com seus animais e carroças, atravessavam o rio ali. De forma que desde os tempos antigos a região da Bratislava atual era uma encruzilhada movimentada. Em 1500 AEC, uma das Rotas do Âmbar — importantes estradas comerciais que ligavam o norte e o sul da Europa — passava pela cidade. Mais tarde, o trânsito no vau era controlado por uma fortaleza localizada numa colina próxima, onde hoje fica o Castelo de Bratislava.
Se você pudesse voltar no tempo, com quem se depararia nessa travessia? Bem, fazendo a visita lá pelo quarto século AEC, você seria recebido pelos celtas, que haviam tornado essa região o centro de sua cultura. A colina era uma espécie de acrópole para a comunidade céltica local, que produzia cerâmica e cunhava moedas.
E se fizesse a visita no começo da Era Comum? Falando um pouco de latim, talvez pudesse conversar com os habitantes dali, pois na época os romanos tinham estendido suas fronteiras para o norte até o Danúbio. Mas é provável que também se deparasse com povos germânicos procedentes do oeste.
Se programasse a visita mais para a Idade Média, digamos no oitavo século, você encontraria uma mescla de povos. Nessa época já havia ocorrido o que veio a ser conhecido como a Grande Migração, e o povo eslavo procedente do leste havia começado a se estabelecer no território. Os húngaros haviam se estabelecido ao sul e também haviam penetrado na região de Bratislava. Mas de alguma forma o elemento eslavo predominou. Prova disso é o nome eslavo do primeiro castelo real da região, construído no décimo século. Era conhecido como Brezalauspurc, que significa “Castelo de Braslav”, nome que, segundo consta, foi dado em homenagem a um oficial do exército de alto escalão. Daí o nome eslovaco Bratislava.

Uma cidade medieval
Com o tempo, o país hoje chamado Eslováquia tornou-se parte da Hungria. Um relato histórico de 1211 EC diz que o Castelo de Bratislava era o mais bem fortificado da Hungria. Trinta anos depois confirmou-se essa fama quando o castelo resistiu ao ataque dos invasores tártaros. Isso contribuiu para o crescimento populacional em torno do castelo, e, em 1291, o rei húngaro Ondrej III concedeu à cidade plenos privilégios de municipalidade. Os cidadãos ganharam assim o direito de eleger seu próprio prefeito, de transportar seus produtos pelo Danúbio e de comercializar livremente, “tanto nas águas como em terra firme”. Visto que as ensolaradas vertentes da cidade eram propícias ao cultivo de vinhedos, o direito dos cidadãos de vender vinho caseiro era muito apreciado.
Mais tarde os reis húngaros concederam à cidade privilégios adicionais, contribuindo ainda mais para sua expansão. Em 1526, Bratislava começou seu longo reinado como a capital da Hungria, posição que conservou até 1784. Neste ínterim, a mescla étnica de Bratislava tornou-se ainda mais variada. Sua população, constituída principalmente de eslavos e húngaros, foi enriquecida por um influxo de povos germânicos e judeus. No século 17, quando a dominação turca se expandia em direção ao oeste e ao norte, muitos croatas buscaram refúgio na região de Bratislava, como fizeram os exilados tchecos que fugiam da Guerra dos Trinta Anos entre católicos e protestantes, mais para o oeste na Europa.

Bratislava no século 20
No início do século 20, Bratislava havia-se tornado uma cidade cosmopolita, uma mescla de diversas nacionalidades e culturas. Na época, para ter certeza de ser atendido numa loja, era melhor fazer o pedido em alemão ou em húngaro. Mas os tchecos e os ciganos também desempenharam um papel importante, da mesma forma que a comunidade judaica. Antes da Primeira Guerra Mundial, apenas cerca de 15% da população era eslovaca. Mas em 1921 os eslovacos eram a nacionalidade predominante na cidade.
Logo, nuvens escuras da Segunda Guerra Mundial passaram a encobrir a Europa. Assim começou um triste capítulo da história de Bratislava, que destruiu a harmonia étnica da cidade. Primeiro, os tchecos foram forçados a partir. Daí, os ciganos e os judeus foram deportados, e milhares acabaram morrendo em campos de concentração. Terminada a Segunda Guerra Mundial, a maioria dos habitantes de língua alemã também foram deportados. Com o tempo, membros de cada um desses grupos étnicos voltaram para a sua velha cidade natal, e sua presença ainda hoje enriquece o clima cosmopolita da cidade.

Uma visita à Bratislava de hoje
Quer nos acompanhar num breve passeio pela atual Bratislava? Primeiro, visitamos o belo Castelo de Bratislava, que foi reconstruído. Do jardim do castelo temos uma vista panorâmica da cidade, que se espalha pelos dois lados do Danúbio. 
Descendo a colina do castelo chegamos à Cidade Velha, o centro histórico de Bratislava. Ao caminhar pelas ruas pitorescas e estreitas, sentimos como se estivéssemos respirando o ar dos séculos passados. Admiramos a bela arquitetura dos palácios e das casas dos burgueses. Se desejar, podemos dar uma passadinha num dos históricos cafés para tomar café ou chá e saborear deliciosas tortas bratislavas recheadas com nozes e sementes de papoula.
O ano inteiro há turistas passeando pelas margens do Danúbio, do lado da Cidade Velha. Aqui eles não podem deixar de notar um símbolo da moderna Bratislava — a Ponte Nova, com restaurante no alto de uma torre inclinada. Sua estrutura arquitetônica dá a impressão de que o restaurante está suspenso sobre a área residencial de Petržalka, do outro lado do rio. 
Se você tem a impressão de que há muita construção em andamento em Bratislava, não está enganado. Além das partes recentemente reconstruídas da Cidade Velha, ergueram-se muitas estruturas de vidro e aço na década de 90, e mais estão surgindo. São esses escritórios, centros comerciais e bancos que dão à cidade seu aspecto moderno.
É claro que você gostaria de comprar um bonito souvenir para levar. Podemos passar nas lojas de artesanatos, que vendem belas toalhas de mesa, de renda, ou bonecos vestidos de trajes típicos. Ou, se preferir, podemos ir ao Mercado Municipal ao ar livre, onde poderá fazer compras exatamente como os moradores da cidade o fazem há séculos. Talvez você também queira visitar a bela sede da congênere da Sociedade Torre de Vigia nesta cidade.
Quem sabe, um dia você realmente visite Bratislava. E se o fizer, com certeza gostará dessa pitoresca capital moderna que surgiu numa travessia de rio.



Fonte: Revista Despertai de 22.01.2000

quarta-feira, 2 de maio de 2012


Serra Gaúcha


Um dos maiores atrativos turísticos do Rio Grande do Sul é sua região serrana. Ali, uma série de pequenos municípios colonizados por imigrantes alemães e italianos, são referência de hospitalidade, beleza e boa comida.
Com o clima agradável das regiões serranas, a Serra Gaúcha fica ainda mais charmosa com a chegada do frio: os elegantes hotéis e aconchegantes pousadas ficam lotados de gente bonita que se reúne ao redor das lareiras para conferir as programações especiais. Para complementar, as cozinhas fumegam sabores de comida italiana ou de pratos típicos do inverno como o pinhão e o fondue.
É a ocasião ideal para abrir uma boa garrafa de vinho, especialmente se for em Bento Gonçalves, Carlos Barbosa, Caxias do Sul, Flores da Cunha ou Garibaldi. Terras de belíssimos parreirais que rendem a uva, o vinho e o espumante mais famosos do Brasil, são cidades com ótima infraestrutura turística, roteiros organizados e belas opções de turismo rural.
Sem falar em Gramado e Canela, conhecidos como “pedacinhos da Europa”. Cidades de bela arquitetura, inúmeros atrativos e vasta rede hoteleira, são destinos turísticos frequentados o ano inteiro e é claro, mais bonitas a cada inverno. Mas se o frio apertar, as cidades da região como Nova Petrópolis e Farroupilha são conhecidas pela variedade do comércio de roupas, especialmente de lã.
Já nos Campos de Cima da Serra, São José dos Ausentes, São Francisco de Paula e Cambará do Sul atraem aventureiros em busca de seus fantásticos cânions, suas vistas de tirar o fôlego, as matas de araucárias e a paisagem romântica.
Isto tudo faz da Serra Gaúcha um dos mais completos e bem estruturados destinos turísticos do Brasil. Um passeio imperdível para se fazer a dois, com amigos ou com toda a família.

A Cidade de Gramado

Localizada na Região das Hortênsias, o principal destino da  Serra Gaúcha é a pequena cidade de Gramado. Pequena porém fervilhante: a cidade atrai turistas o ano todo.
Sede do badalado Festival Internacional de Cinema, de Publicidade e de outros tantos eventos de área, Gramado promove outras festas fixas em seu calendário, como a Festa da Colônia, a Chocofest e o Natal Luz. Este movimento de turistas faz com que Gramado seja uma cidade com bons hotéis, spas, pousadas aconchegantes, restaurantes sofisticados e também típicos, além das tradicionais casas de Café Colonial, que são uma tentação!
A paisagem serrana, as ruas limpas e floridas, a arquitetura estilo enxaimel lembram um pedaço da Europa. É delicioso passear pelas ruas cheias de lojinhas charmosas, os cafés movimentados, a Rua Coberta, a bonita igreja e o comércio famoso pelas roupas de lã e pelo chocolate artesanal.
Quem vai a Gramado não deixa de passar no belo Lago Negro com suas árvores importadas da Alemanha. Já no Mini Mundo a atração é a cidade em miniatura com castelos, ferrovias, moinhos, igrejas e muito mais. Pequenos museus também estão situados na estrada que liga Gramado a sua vizinha Canela: Museu do Chocolate, do perfume, do piano, de carros antigos e de brasões. E para caminhar em meio ao verde a dica é o Parque Knorr. No interior do município de Gramado há ainda os roteiros de agroturismo que circulam pela rotina de propriedades rurais onde é possível experimentar de produtos típicos coloniais como linguiça, salaminho, queijos e vinhos.
A noite, a dica é procurar um restaurante que sirva Fondue, a comida mais famosa de Gramado e deliciar-se entre amigos, a dois ou com toda a família. Um passeio e tanto!

A Cidade de Canela

Bem no centro da Região das Hortênsias, Canela é um belíssimo município totalmente voltado ao turismo. De fácil acesso rodoviário e a apenas poucos minutos de Gramado – outro pólo turístico da Serra Gaúcha – Canela possui ainda uma pista para aviões de pequeno porte, e que serve de treinamento ao aeroclube local.
A beleza da serra em seus parques repletos de araucárias, belas áreas verdes, magníficos condomínios fechados e diversos eventos o ano todo, fazem de Canela um ótimo destino turístico em qualquer época do ano. O centro da cidade é pequeno e cheio de lojinhas charmosas e acolhedoras com clima de cidade cenográfica. Dos restaurantes vem o perfume da típica comida italiana ou alemã, de comida caseira ou ainda do tradicional fondue – a grande pedida da serra.
No caminho para o Parque do Caracol, elegantes pousadas em meio a mata de pinheiros ganham um clima romântico. Mas ao chegar no parque é a natureza que destaca: a belíssima Cascata do Caracol, o observatório com elevador panorâmico, as trilhas ecológicas. Já no Parque do Teleférico a atração é o bondinho de 405 metros com a vista mais bonita da Cascata e do Vale da Lageana. Há ainda atividades diversas no Parque Laje de Pedra, e parques da Cachoeira, das Corredeiras, da Ferradura, do Pinheiro Grosso, do Sesi, das Sequóias...
No caminho entre Gramado e Canela, o pequenino Mundo a Vapor, é uma aula. Já a Aldeia do Papai Noel, recebe os pequenos o ano todo. O Alpen Park agrega área verde com equipamentos para arvorismo, tirolesa, torre de rapel, muro de escalada, passeio de quadriciclo e a cavalo, além de um trenó que desliza por sobre um trilho de aço.
Quem for a Canela certamente trará uma foto em frente a central Catedral de Pedra, guardando uma bela recordação deste inesquecível lugar.